domingo, 26 de fevereiro de 2012

A Invenção de Hugo Cabret


Um livro que tenho cá em casa há uns dois anos e cuja leitura nunca concluí. Porque não quis. Porque é tão lindo que não quis nunca terminar, porque faz sonhar como um filme, é um livro que é quase um filme.
Agora que vi o filme estou em estado de encantamento! É a verdadeira magia do cinema inspirada num livro que já de si é mágico!
Eu cá continuarei a folhear este livro, aos bocadinhos, sem nunca chegar ao fim…


domingo, 19 de fevereiro de 2012

Também me sinto uma vencedora


Decidi partilhar um texto que escrevi para participar no Concurso Literário Breve História de Amor, recentemente divulgado pelo Tiago Rebelo e pela Leya, e por diversos blogues dedicados aos livros, entre os quais o planetamarcia.
Fiquei muito feliz por divulgar e participar nesta iniciativa. Quando soube que, dentro de algumas regras (manter segredo para com os restantes membros do Júri e não votar em mim própria), também podia enviar um texto meu, a minha imaginação criou “Madalena”. Apesar de não ter tido qualquer voto na sessão final do júri, o meu texto foi incluído na shortlist final das 9 melhores histórias. Obrigada aos que gostaram e me fizeram sentir também uma vencedora. Estou muito feliz.
Deixo mais uma vez os parabéns à Marlene Ferraz, a vencedora com o texto “O Tempo é um Absurdo”, e abaixo convido-vos a ler o “meu Madalena”.
Madalena
“Passo a mão no espelho embaciado da casa de banho depois do duche e recordo aquele amanhecer em Paris. Feliz. Sentindo a tua suave respiração e o calor do teu corpo. A cama revirada, os lençóis no chão, o sol acorda um quarto e testemunha uma noite louca de paixão.
Paris será sempre nosso. A dividirmos um croissant, a bebermos champanhe nus, a fazer amor até todo o corpo nos doer.
Madalena, és a minha menina má. Com idade para seres minha filha, tiraste-me do torpor dos meus sessenta anos. Não prestas, acabaste com o meu casamento e afastaste de mim os meus filhos. Mas acordaste-me. Deste-me anos de vida. Nunca me amaste mas contigo vivi até achar que podia morrer e já tinha tudo.
Malvada Madalena dos longos cabelos loiros, feiticeira de fogo. Efémera felicidade, tão boa mas tão curta. Recordo e sorrio e quero mais. E ainda hoje, todos os dias te vejo e sonho o que poderia ter sido se me amasses como eu a ti, sem interesse em nada mais além de mim.
Vamos regressar às esplanadas à beira mar para almoços que duravam horas e eu me perdia na mulher que julgava que tu eras, e tinha quem me ouvisse e me sentia o teu Rei. O Rei do mundo e de todas as criaturas. Esqueci tudo na tua presença, dei-te tudo o que pedias e o que não pedias mas insinuavas…e conseguias…e até parecia que a ideia partia de mim…
Fui enganado, roubado, vivi iludido mas feliz. Fui escravo dos teus desejos, fiz tudo o que pedias, dei-te o meu amor mas tu só querias o meu dinheiro. Doeu-me saber que és uma total banalidade, escumalha sem princípios, usas o sexo e as palavras doces como arma mortífera direitinha ao meu coração. Adorava, ainda assim, morrer mais um pouco nos teus braços, beber mais um pouco desse teu viciante veneno que me acorda e dá vida como o sangue que alimenta um vampiro.
Madalena, aqui sozinho penso em ti e no que dançámos em Paris, quando fugimos para a cidade-luz com desculpas esfarrapadas de trabalho. Deixou de haver noite ou dia, horas de dormir ou de acordar. Foste o meu tudo, vivi para ti, enchi-te de amor e jóias, as segundas um preço a apagar pelo amor que nunca me deste.
Serás tu de alguém Madalena? Queres amor? Ou chega-te viver assim a planear o próximo golpe com “olho” nuns sapatos de € 1000,00? Como aqueles que deixaste para trás em Paris, debaixo da cama do nosso quarto, e eu quase acreditei que o que importava para ti éramos nós, sem sapatos, nem roupa, nem jóias, nem nada…só nós…esquecendo o resto do mundo e vivendo intensamente.
Mentirosa Madalena, deste-me vida. Amo-te apesar da dor. Odeio-te para lá do sofrimento. Mas aprendi que estou vivo e ainda tenho tempo. Tenho muito para dar e quero encontrar ainda muitas vezes o amor, ainda que em breves histórias de loucura e tortura, quero sentir-me vivo, renascer cada manhã e viver.
Tremo de frio. O espelho já não está embaciado. Estou só. Triste mas não arrependido. Ainda me faz sorrir a nossa breve história de amor.”

domingo, 5 de fevereiro de 2012

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Janeiro - o mês de todos os favoritos

   
        

Este mês li 3 livros. Muito pouco para o meu ritmo habitual de leitura de anos anteriores. A verdade é que decidi que quero ler mais devagar, saborear cada livro sem pensar demasiado em atingir a última página e começar a magicar no que ler a seguir. Não é fácil controlar esta ansiedade com a quantidade de livros que tenho “em espera” e desejo ler. Mas este ano decidi que quero tornar-me uma melhor leitora, implementar algumas regras que façam os livros viverem em mim por (ainda) mais tempo, recordar pormenores e, acima de tudo, viver intensamente as histórias.
Leio muitas novidades. E há livros que vão ficando para trás, nunca esquecidos, mas adiados. Autores favoritos ofuscados por capas bonitas e, por vezes, miolos de desilusão.
Comecei 2012 a ler só o que o instinto (e algumas sugestões de outros leitores) me soprara. A verdade é que todos os meses escrevo aqui qual o livro que mais me marcou e, desta vez, não consigo escolher; não sei decidir. Li com paixão, interesse e alguma obsessão “A Casa do Sono” de Jonathan Coe, “Homem na Escuridão” de Paul Auster e “A Condessa” de Rebecca Johns. Todos muito diferentes entre si mas simplesmente fabulosos, cada um na sua forma.
Decidi não decidir. São todos favoritos.

Excerto - "A Vida Secreta das Princesas Árabes" de Jean Sasson


"Devo reconhecer que os primeiros momentos do véu foram excitantes. Para mim, o véu era uma novidade e devolvia, interessada, os olhares que os rapazes sauditas adolescentes lançavam àquela figura de negro em que eu me transformara. (...) No entanto, a novidade de usar o véu e a abbaya depressa se desvaneceu. Quando saímos da área fresca do souq para o sol abrasador, o ar faltou-me e tentei inalá-lo desesperadamente através do tecido preto transparente. O ar, filtrado pelo pano fino e leve, chegava-me à boca seco e a saber a mofo. Comprara o véu mais fino disponível, no entanto tinha a impressão de estar a ver a vida através de uma barreira densa. Como conseguiriam as mulheres ver através de véus feitos de tecidos mais grossos? O céu deixara de ser azul,o fulgor do sol dimunuíra; de repente, dei-me conta de que, a partir daquele momento, deixaria de poder apreciar a vida nas suas verdadeiras cores, fora de casa. O mundo pareceu-me subitamente, um lugar sombrio. e perigoso também! Hesitei e tropecei no passeio esburacado e fendido, com medo de partir um tornozelo ou uma perna." (Págs.75,76)