sábado, 31 de dezembro de 2011

domingo, 18 de dezembro de 2011

José Luís Peixoto - Efeito Terapêutico III

Hoje li ao meu marido um pequeno abraço, um pequeno nada de um livro que é tudo, que me deixa mais feliz a cada página que viro...devagar...para que nunca mais acabe...de me abraçar...
"O Barulho que Sou" na página 199 emocionou o Gil de uma forma única. Viu-se a ele próprio naquela descrição, ouvia-me a ler de olhos fechados a vibrar com as palavras que podia  descrever uma fase da sua própria vida. É possível que Gil Cardoso e José Luís Peixoto já se tenham cruzado noutras andanças e noutras formas de fazer arte.
O Gil lê pouco mas nesta tarde de Domingo um dos mais brilhantes escritores de actualidade criou (mais) um ele entre nós.
Como um abraço!

sábado, 3 de dezembro de 2011

O favorito do mês - Novembro 2011


Este mês de Novembro li dois livros. Uma vergonha para as minhas habituais médias.
Mas porque no prazer não se deve correr, cada vez leio mais devagar mas melhor, alguns livros são mais longos, outros vou lendo aos pedacinhos. Este mês mantive um certo ritmo mas dispersei-me por alguns poemas do livro “Palavras Nossas” e claro, pelo “Abraço” do José Luís Peixoto.
“Abraço” é talvez o favorito, apesar de “ainda” estar na página 119. Estou a deliciar-me. Mas mantendo a lógica da coisa (não porque seja obrigatório mas porque me apetece), vou eleger um livro que li na totalidade, me encantou e deixou o desejo de conhecer a restante obra do autor: “O filho de mil homens” de Valter Hugo Mãe. Saibam porquê aqui.

Novos Habitantes - Novembro 2011


Novembro em grande!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

José Luís Peixoto - Efeito Terapêutico


Ontem, depois de um dia cansativo, e em que muitas coisas são o oposto dos meus desejos, ler apenas o começo de "Abraço" levou-me para lá, para esse lugar em que os livros, os mesmo muito bons, me recuperam, animam e me fazem acreditar.

"Os livros, esses animais opacos por fora, essas donzelas. Os livros caem do céu, fazem grandes linhas rectas e, ao atingir o chão, explodem em silêncio. Tudo neles é absoluto, até as contradições em que tropeçam. E estão lá, aqui, a olhar-nos de todos os lados, a hipnotizar-nos por telepatia. Devemos-lhes tanto, até a loucura, até os pesadelos, até a esperança em todas as suas formas." (Pág.3).

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Encontro com Tiago Rebelo - Livraria Leya na Barata - 04/11/2011


Foi com muito prazer que participei no passado dia 4 numa tertúlia organizada pela Maria João Vieira do grupo Leya. O poder da internet tem destas coisas, com escrevi num dos meus recentes posts, e foi muito bom rever caras conhecidas das aventuras literárias da blogosfera, assim como ficar a conhecer pessoalmente aqueles que já são amigos virtuais de há algum tempo.
O mote para o encontro foi o lançamento do livro “Breve História de Amor” de Tiago Rebelo. O autor esteve presente. Gostei muito do diálogo informal que se proporcionou, da forma como o tempo passou sem darmos por isso, das perguntas que pudemos fazer e satisfazer sem problemas as nossas curiosidades. Super terra-a-terra e interessado em relação aos nossos blogues, Tiago lá nos foi questionando e fazendo surgir novos tópicos que nós, sedentos leitores, vivemos de forma intensa. Estou certa que todos guardaremos com carinho a memória de um fim de tarde diferente.
Eu por mim agradeço o convite e sugiro que se façam mais encontros, se juntem leitores, autores, tradutores e editores. Todos os apaixonados pelos livros capazes de falar, discutir e dissertar sobre eles por horas a fio sem qualquer sinal de fadiga.
“Breve História de Amor” já está nas livrarias. O meu exemplar está aqui mesmo ao lado, autografado como uma recordação deste dia. Vou ler devagar, texto a texto, dia a dia. E depois logo vos conto mais…
Obrigada aos amigos presentes:
As Leituras da Fernanda - Fernanda Carvalho
O Tempo Entre os Meus Livros - Cristina Delgado
Tantos Livros Tão Pouco Tempo - Ângela Guilherme
Pedacinho Literário - Patrícia Pecegueiro
My Imaginarium - Vera Coutinho
Histórias de Elphaba - Joana Gonzalez
O Segredo dos Livros - Representado pela Renata Magro
Conspiração das Letras - Marco Caetano
E claro, obrigada ao Tiago Rebelo e à Leya.
Também houve fotos. Ainda não as vi mas quando chegarem até mim partilho.
Mais sobre o livro aqui.


Cansaço a quanto obrigas

A ter uma semana vazia de livros e leituras. Sinto-me desolada e triste!

terça-feira, 1 de novembro de 2011

O favorito do mês - Outubro 2011


Este mês não há duvidas nem hesitações. Adorei ler Outlander - A Libélula Presa no Âmbar. O porquê aqui.

Novos Habitantes - Outubro 2011


Um mês que já estava excelente, mas que ontem, mesmo no último dia, superou as expectativas com o do Ken Follett!

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O Poder da Internet

Medito muitas vezes sobre o poder da internet, e na forma com já não consigo conceber a minha vida sem esta ferramenta. Dependência? Estupidez? Limitação? Acho que não.
A verdade é que procuro e encontro tudo lá. Reencontro velhos amigos, faço novos amigos, descubro frequentemente pessoas interessantes que me fazem voltar a ter fé na humanidade. Apaixonei-me, namorei, casei, até o local da festa do meu casamento encontrei na net, assim como o fotógrafo, encontrei a minha casa, procuro receitas para novos cozinhados (que depois de escolhidas altero completamente), pesquiso viagens, está tudo lá.
Mas o que me leva a passar horas online são os livros. É para saber as novidades e o que os leitores acham de determinado livro, que sujeito os meus olhos e o meu corpo muito para além dos limites da sua resistência, após horas (não vou dizer quantas) de trabalho diário à secretária (e ao computador). É quando penso nas descobertas que posso fazer mais tarde que o meu dia no escritório realmente se ilumina, e ganho alento para fazer a travessia de mais um dia de luta em busca do meu pote de ouro no fim do arco-íris.
Desde há cerca de 4 anos que escrevo as minhas próprias opiniões sobre os livros que leio no blogue planetamarcia. Faço o que inicialmente procurava em outros blogues: saber o que os leitores acham do livro X que quero ler. Não sou a única a fazê-lo, somos muitos e ainda bem, quantos mais melhor desde que com opiniões próprias e convicções firmes. Com interesses diferentes mas com vontades semelhantes: saber sempre mais e mais sobre livros. Não somos famosos mas conhecidos no meio, quando acontece algum evento em que nos ficamos a conhecer pessoalmente parece que nos damos há anos, tal a cumplicidade partilhada.
Já conheci escritores, editores, jornalistas, todos graças aos livros, mas principalmente à internet. Para acabar de vez com o triste chavão de que um cibernauta se esconde atrás de um monitor por qualquer incapacidade social.
O meu dia-a-dia profissional é bastante absorvente, e a minha necessidade de comunicar e alargar os meus contactos é facilmente comprometida pelo pouco tempo que lhes posso dedicar. As redes sociais não substituem o contacto físico mas sem dúvida que de alguma forma nos aproximam.
Nos últimos dias recebi um e-mail que me encantou particularmente. O escritor Ludgero Santos “descobriu” este blogue e perguntou-me se eu estaria interessada em receber e ler os seus livros “O Perfume da Savana” e “A Mulher do Capitão”. Ora, nem nos meus sonhos mais estranhos, há uns anos atrás, eu poderia imaginar que tal me acontecesse. Esta situação não é inédita, nem a minha ideia é atribuir a mim própria demasiada importância, obviamente não fui a única a receber contactos deste género, é prática corrente este envio de livros. Mas eu não consigo evitar deixar-me maravilhar por estas coisas curiosas, estas felizes coincidências da vida.
Os livros já chegaram até mim e aguardam na estante a sua vez na leitura. Ludgero Santos não quer louros nem prémios, curiosamente quis escrever estes livros como anónimo. Escreveu dois livros para os leitores, para que os leiam e gostem deles, para que os acarinhem e tratem bem. É o que pretendo fazer. E depois…como sempre…conto a toda a gente o que achei.
Muito obrigada Ludgero.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

O favorito do mês - Setembro 2011


Neste mês de Setembro li quatro livros: “Estrela do Mar”, “Cartas Vermelhas”, “O Vale dos Cinco Leões” e “Antes de Adormecer”.
Todos me proporcionaram excelentes horas de leitura mas tenho de destacar o “Antes de Adormecer” pela forma sedenta como me fazia virar cada página. Intrigante e bem construído, oferece ao leitor muito do que é essencial, e continua presente muito depois de se virar a última página.
Um livro que merecia ser mais divulgado. Eu cá fiz a minha parte aqui.  J

domingo, 2 de outubro de 2011

Livros da Minha Infância

Os livros são, desde sempre, os presentes que me deixam mais feliz. Já gostava de livros quando ainda nem sabia ler, mas todos os dias o meu pai me lia uma história antes de dormir. Pequenita e ensonada ficava encantada a ouvir as histórias e a imaginar países distantes com príncipes, princesas, fadas e bruxas.
Aprendi a ler com grande facilidade e rapidamente comecei a coleccionar livros. Existem na minha família diversos amantes de livros, e tinha a sorte de os receber com frequência nos aniversários e Natais.
Cresci na Figueira da Foz, local onde está a casa da minha família e onde são religiosamente guardadas as minhas preciosidades literárias da infância. A maioria dos meus amiguinhos também gostava de livros, eram para nós um divertimento à altura de qualquer outra brincadeira. Tenho pena da distância e dos percursos distintos que tomámos, pois actualmente relaciono-me com muito poucos apreciadores de livros (excepto de forma virtual que, apesar de não ser a mesma coisa, sempre vai colmatando esse vazio).
Os primeiros livros que li tinham obviamente mais imagens do que letras. Lembro-me de os ler horas a fio, muitas vezes terminava e voltava logo ao início, encantada com as gravuras e com o que imaginava através das frases.  “O Casamento dos Passarinhos” era um dos meus favoritos nesta fase, mas havia mais como “Os Fatos Novos do Imperador” e os da Cristina (“Cristina Aprende a Nadar” e “Cristina Professora”). Agora, ao escrever este texto consigo lembrar-me de várias passagens e, inevitavelmente, sorrio com estas recordações tão queridas.
Um grande favorito era também o “365 Histórias de Encantar”, foi-me oferecido por uma professora primária e permitia a leitura de uma história por dia, coisa que nunca acontecia pois eu lia uma série de histórias de seguida.
Posteriormente fiz algumas colecções por iniciativa dos meus pais, que sempre me incutiram o gosto pela leitura. O meu pai comprava-me livros de aventuras, fez-me a colecção completa dos livros do Petzi, que nos proporcionou divertidíssimos momentos de leitura juntos. Já minha mãe, mais inclinada para os chamados “livros para meninas”, comprava-me livros da “Anita”. Gostava de ambos, possivelmente esta é uma das bases das leituras polivalentes que sempre fui fazendo, sem nunca me dedicar a um único estilo e tendo sempre vontade de conhecer coisas diferentes.
Fui crescendo e o género de livros foi mudando, adaptando-se à minha idade e às consequentes novas necessidades. Curiosamente comecei a ler livros que já existiam na infância dos meus pais e que continuaram a ser editados, como é o caso dos “Cinco” e dos “Sete”. Divertia-me muito com estas aventuras, sempre curiosa com o desfecho final. Por influência da minha tia (mais uma leitora compulsiva) alarguei os meus conhecimentos nos livros da Enid Blyton e fiquei completamente fã da colecção “As Gémeas”. Este ano alguns dos livros da Enid Blyton foram novamente editados, com umas capas mais atractivas e tipo de letra mais actual. Não tenho noção se esta “nova” colecção tem tido uma boa recepção pela nova geração de leitores, mas é quanto a mim, uma aposta excelente.
Como não podia deixar de ser, e à semelhança de quase todos os meninos da minha idade, coleccionava e lia os livros de “Uma Aventura”. Mas estes são apenas alguns exemplos pois fiz dezenas de colecções de literatura infanto-juvenil: “Carlota”, “Sissi”, alguma banda desenhada, livros educativos sobre diversos temas como Geografia, Robótica, Corpo Humano, O Universo, etc.
A certa altura os meus pais começaram a comprar-me outro tipo de livros, já que eu normalmente lia um livro de “Uma Aventura” no próprio dia em que mo compravam, já estava a precisar de saltar mais um degrau. Ofereceram-me então alguns clássicos em formato para criança, se é que isto se pode dizer assim. Eram uma espécie de resumo de livros conhecidos e conceituados como é o caso de “Jane Eyre” e “Mulherzinhas”. Gostei destas leituras mas continuava a ler tudo muito depressa, continuava a ler os livros novos com muita rapidez e logo ficava sem nada para ler, o que me deixava verdadeiramente desanimada.
Perante este cenário o meu pai sugeriu que eu lesse um Romance; um livro mais longo que duraria de certeza mais de um dia, e havia vários por onde escolher em minha casa… devia ter cerca de 13 anos quando li “O Crime do Padre Amaro” de Eça de Queiroz. Foi uma experiência completamente diferente para mim, apesar de não ser para a minha idade permitiu-me imaginar e viver muitas mais coisas do que os livros que tinha lido até então.
Desde essa altura têm sido centenas os livros que me acompanham diariamente e preenchem a minha vida de uma forma inigualável. Sou sem dúvida mais criativa, sonhadora, aventureira e perspicaz graças ao poder dos livros em estimular e desenvolver estas aptidões.
Os livros marcam-me desde a infância e tiveram um papel importante no desenvolvimento da pessoa que sou hoje. Gostava de ver nos jovens pais de hoje o carinho, cuidado e atenção em escolher livros para os filhos como eu tive dos meus pais. Foi possivelmente o melhor investimento que fizeram em mim.
Texto escrito para a rubrica “Livros da Minha Infância” do blogue Página a Página. Vejam aqui a publicação original, recheada de saudosas fotos escolhidas pelo Nuno Chaves.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Quem gosta de ler?

Muitas vezes me sinto deslocada e fora do contexto da maioria das conversas. Será por poucas pessoas gostarem de livros? Ou será por pouco me interessar pela maioria dos temas de conversa?
Detesto a chamada “conversa de circunstância”.O que interessa falar do tempo se basta olhar pela janela para ver que tempo faz? Penso que a maioria das pessoas se deixa intimidar pelo silêncio, pelo silêncio constrangedor num grupo, e então inventam, falam da primeira coisa que lhes ocorre só para preencher, ainda que de forma superficial, o tempo e o espaço vazio de conversas.
Sempre achei que mais vale não dizer nada do que perder tempo em divagações inúteis sobre o clima, doenças e dramas familiares, mas infelizmente vejo-me muitas vezes no meio de guerras de mães sobre as capacidades acima da média dos seus rebentos, discussões perfeitamente infrutíferas acerca de quem sofre mais ou tem as doenças piores. Raramente tenho o prazer de assistir a participar em conversas verdadeiramente empolgantes e interessantes.
Por percursos sinuosos do destino tenho o azar de passar demasiadas horas da minha vida rodeada de criaturas básicas e desinteressantes. A felicidade é que, quando me abstraio e isolo da ridícula sociedade de que faço parte, me sinto uma sortuda. Tenho sorte por poder escolher com quem verdadeiramente me dou, escolho quem gosto e me compreende, escolho com quem ter uma conversa com pés e cabeça, escolho com quem discutir a sério, defender um interesse, com quem rir, escolho com quem ser feliz, e sou!
Tenho pena por ter tão poucas pessoas com quem falar sobre livros, com quem discutir aquele pormenor que me deixou a remoer mas que fez aquele final fantástico, saber se há quem entenda o sofrimento de ter tantas coisas desinteressantes para fazer quando só apetece dar um pontapé em tudo e ler, ler, ler…
Haverá mais alguém que saiba o sofrimento que é ter de ir ao super-mercado quando se está mesmo mesmo a terminar aquele romance? E estar na longa fila para pagar e pensar que se podia estar a ler em vez de estar ali? O mesmo se aplica às limpezas e todo o género de arrumações…oh porquê tantas obrigações?
Sonho com o silêncio no fim de um dia ruidoso, anseio por preenchê-lo com um livro. Deixo-me consumir por tal desejo, imagino, fantasio e espero…espero …espero pela compensação de tanta espera!

domingo, 4 de setembro de 2011

Novos habitantes - Agosto 2011


A ideia não é inédita. Muitos outros blogues o fazem. Acho giro e vou começar a fazer também: dar a conhecer os novos livros cá em casa!
O mês de Agosto não correu nada mal, dos 6 novos livros 5 foram presentes de aniversário. A leitura avança devagar em proporção com as entradas de livros, destes 6 livros li 1 e vou a meio de outro.
A vontade de ler tudo consome-me!

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O favorito do mês - Agosto 2011


Tive a ideia de começar a fazer uma espécie de balanço mensal dos livros lidos, um esquema do que mais me agradou e marcou. Tentar apontar um favorito.
Li apenas 3 livros este mês mas foram realmente muito bons: “O Tigre Branco”, “As Travessuras da Menina Má” e “A Noite de Todas as Almas”.
Cada um à sua maneira me proporcionou uma leitura excelente, mas tenho de admitir que a minha primeira leitura de um livro de Mario Vargas Llosa reúne quase tudo o que um leitor pode pedir. Temos uma narrativa perfeitamente enquadrada no tempo e nos acontecimentos históricos, as personagens são reais, ficamos convencidos que podia ser o nosso vizinho do lado, e depois é o dom, o dom de escrever e maravilhar quem lê, que foi o que senti.
O meu favorito de Agosto é “Travessuras da Menina Má” de Mario Vargas Llosa. Opinião mais pormenorizada aqui.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

O cheiro dos livros?

Cheiro sempre os livros, mesmo os mais velhos e muito usados, já manuseados por várias pessoas. São livros cheios de histórias para além da sua própria história, até parece que das páginas se soltam vozes e risos (ou lágrimas).
O cheiro de um livro novinho é inimitável, aquele aroma a papel e a tinta até parece que dá para ouvir os sons das máquinas que os fazem, imagino as folhas de papel a circular por mecanismos barulhentos, as guilhotinas a cortar as folhas, uma sinfonia de sons para uma composição de letras. Nada é assim. Esta minha visão romântica das origens da impressa está ultrapassada, e eu sei disso, mas é tão irresistível imaginar…

domingo, 21 de agosto de 2011

A Ler "A Noite de Todas as Almas"


“- A que cheiro eu? – perguntei, brincando como pé do meu copo de vinho.
Por uns momentos pareceu-me que ele não ía responder. O silêncio estendeu-se até me olhar com uma expressão  anelante. Deixou tombar as pálpebras e inspirou profundamente.
-Cheira a seiva de salgueiro. E a camomila esmagada sob os pés. – Cheirou de novo e esboçou um pequeno sorriso triste. – Tem também alguns vestígios de madressilva e folha de carvalho tombadas – acrescentou em voz baixa, expirando – em conjunto com rebentos de avelã e os primeiros narcisos primaveris. E coisas antigas: marroio, incenso, pé-de-leão. Aromas que pensava já ter esquecido.
Abriu os olhos sem pressas e eu olhei para as suas cinzentas profundidades, receando respirar e quebrar o feitiço que as palavras dele haviam lançado.
-E eu? – devolveu ele a pergunta, sem desviar os olhos dos meus.
- Canela. – A minha voz era hesitante. – E cravinho. Por vezes parece-me que cheira a cravos, não do tipo que se compra na florista, mas os antigos, que crescem nos jardins das casas rurais inglesas.
- Cravos silvestres. – disse Mathew, os olhos enrugando-se de satisfação nos cantos. – Nada mau para uma bruxa.” (p. 183)

domingo, 7 de agosto de 2011

A neura dos livros


Gosto tanto de livros que me custa dizer o que quer que seja de menos positivo sobre eles. Mas a verdade é que nem sempre um livro nos toca da forma que esperávamos, ou nos envolve da maneira que possa ter envolvido outros leitores. Quando me acontece fico irritada e desiludida.
Esta semana aconteceu-me. Estava empolgada em ler “Antes de nos Encontrarmos” de Maggie O’Farrel que comprei recentemente. Iniciei a leitura com alguma expectativa dado que a opinião de outros leitores é bastante positiva. Li 197 páginas das 311. Gostei da escrita da autora, acho até que foi o que me “segurou” por mais de metade do livro. A forma como nos vai descrevendo as vidas das personagens deixando sempre algo em aberto, dando saltos temporais entre passado e futuro sem nunca deixar o leitor perder “o fio à meada” requer habilidade e inteligência. Mas a verdade é que (para mim) um livro tem de ter mais do que isso. Quando começo a pensar mais nos livros que tenho para ler do que naquele que é suposto preencher as minhas necessidades de leitura no momento, reconheço um claro sinal de insatisfação.
Quando assim é, e por muito que me custe, deixo de lado. Não digo que o deixe de lado para sempre que isso seria muito radical para o meu pobre coração amante de livros, mas deixo-o num local intermédio, uma espécie de purgatório dos livros, com um marcador na página onde parei, e deixo que o tempo me faça decidir se existe ou não regresso.
Inevitavelmente medito um pouco sobre se o problema é meu ou do livro e, como em qualquer história de amor, não se devem atribuir culpas mas sim seguir em frente. Foi o que fiz, comecei a ler “O Tigre Branco” de Aravind Ariga, uma excelente aposta. É um livro excepcional.

Paixão pela leitura

"Que outros se gabem dos livros que lhes foi dado escrever, eu gabo-me daqueles que me foi dado ler."
Jorge Luis Borges (1899-1986)

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Livros por ler


Às vezes farto-me de ler novidades. Dá-me aquela nostalgia de ir ver os livros que estão há mais tempo na estante, de lhes tocar, verificar que já perderam o cheiro a novo mesmo sem terem sido lidos. Parecem um vinho que guardamos para uma ocasião especial.
A minha última apreciação antes de dormir vai para a minha estante dos livros por ler. Deixei de contar quando atingi os 100 livros. É um bom número, eu acho. Não interessa saber quantos são, não vá o remorso impedir novas compras. Ai só eu sei a felicidade de trazer um livro novo para casa! É um dia em cheio!
Admiro sempre cuidadosamente um novo livro. Gosto quando não têm vincos nem marcas, quando as folhas ainda estão um pouco coladas e fazem aquele barulhinho tão característico. Registo o livro na minha lista e atribuo-lhe um número. Encontro o seu lugar na estante e perco-me a pensar quando chegará a sua vez de ser lido.

domingo, 31 de julho de 2011

Doce fim-de-semana!


Onde passo algumas horas (nunca as suficientes) do meu tempo de lazer.

Uma vida sem livros?

Por vezes penso o que seria a minha vida sem os livros.
Dedico-me a eles desde sempre, não há um dia que não leia. Estão por todo o lado em minha casa. Raramente me aborreço e não me lembro de sofrer de tédio. Quando não estou a ler penso e fantasio sobre a história do momento. Imagino tantas coisas, a que já foram escritas e as que poderão vir a ser. A minha imaginação está sempre a funcionar, a tornar os meus dias sempre mais criativos.
Quando a rotina me ameaça deixo a mente divagar para outros mundos, quando sou forçada a ouvir conversas daqueles que insistem em partilhar as suas vidas deprimentes, penso como um livro poderia fazer a diferença, como os livros me impedem todos os dias de cair no abismo da banalidade e das vidas cinzentonas desta humanidade toda igual.
Quando leio sou eu, mas posso ser centenas de outros eus. Crio filmes a partir de letras, componho músicas únicas que só eu posso ouvir, melodias deliciosas que me embalam para terras longínquas que podem ir do conto de fadas ao policial mais sangrento. Nunca tenho medo, quero sempre saber mais: Será que vão casar? Quem é o assassino? Oh! Porque é que ele teve de morrer?
Um livro, depois de escrito, deixa de pertencer ao seu autor. Eu, como leitora, quero fazer de todos os livros que leio meus.