Tiro o mapa da pasta para ter alguma coisa
para fazer e evitar observá-la. O contraste dos cabelos negros com a pele muito
branca e o vestido vermelho são um íman para os meus olhos. O que fará aqui
sozinha? Estará também no hotel?
De repente vejo o empregado ao meu lado para
anotar o pedido. Não o vi chegar. Não li a ementa mas pego-lhe de novo e aponto
para uma coisa qualquer que não percebo o que seja.
Finalmente olho para ela. Olho-a de frente e
fixo o olhar, como se fosse um jogo infantil em que vence o mais forte. Recua,
baixa os olhos. Parece incomodada o que me deixa ainda mais nervoso. Estou
demasiado desconfortável e sinto que está a chegar mais um ataque de pânico,
perco o controlo dos meus próprios movimentos e deito o copo de vinho ao chão.
O líquido espalha-se no tapete. Olhamo-nos ao mesmo tempo e eu sei que chegou o
momento de sair. Num impulso pego na pasta mas cai tudo. Guardei as coisas lá
dentro sem a fechar. Apanho o telemóvel e a chave do quarto do chão, guardo também
o mapa e alguns folhetos turísticos, visto o casaco e saio. O meu coração
parece um tambor, gotas de suor formam-se na testa, o cabelo bate-me nas costas
tal é a força que faço com os pés no chão e a velocidade com que me movo.
Tenho de ser rápido. Receio não chegar ao
quarto a tempo. Finalmente a porta do elevador abre-se, e eu caminho em ritmo
rápido pelo corredor. Só tenho tempo de entrar no quarto, abrir a porta da casa
de banho, levantar a tampa da sanita e vomitar.
Lavo a cara e recomponho-me. Sento-me no chão
enquanto seco o rosto. Largo a toalha e abro o cofre que está dentro do
armário, marco o código e a porta abre, tiro a arma e olho-a, seguro-a com as
duas mãos e pergunto-me se terei coragem.
Decido ligar ao detective. Já é tarde mas não
posso adiar mais. Procuro o cartão na pasta, nos bolsos do casaco e das calças,
sento-me na cama e apoio a cabeça nas mãos. Perdi o cartão. Qual era o nome
dele? Ivan? Ivan qualquer coisa…
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