quinta-feira, 9 de julho de 2015

Casa isolada


Nunca te imaginaste numa casa isolada a viver da escrita?
Não sabia que estavas acordado, responde Joana sem se voltar.
Mauro observa-lhe as costas nuas, a tatuagem do mocho que ele desenhou bem ao centro das omoplatas, o lençol encorrilhado na curva das ancas, a pele muito branca. Apetece-lhe beijá-la.
Imaginaste?
Joana volta-se e olha-o. Sem pudor da nudez aproxima-se e enterra-lhe o rosto no pescoço, faz-lhe cócegas pelo queixo e desce ao peito. Ele ri-se e afasta-a. Que fazes, pergunta. Cheiro-te. Gosto do cheiro da tua pele, de ficar em cima de ti e lamber-te os lábios e morder-te os beijos. De te contornar as sobrancelhas com os meus dedos húmidos. Gosto-te tanto.
Imaginaste?
Gosto que me agarres e prendas com força. Não demasiada força mas força, quero estar presa mas poder sair se quiser. Não quero sair.
Aninha-se ao lado dele e abraça-lhe o braço.
Imaginaste?
Imagino em todas as horas de todos os dias da minha vida.

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