Nunca te imaginaste numa casa isolada a viver
da escrita?
Não sabia que estavas acordado, responde
Joana sem se voltar.
Mauro observa-lhe as costas nuas, a tatuagem
do mocho que ele desenhou bem ao centro das omoplatas, o lençol encorrilhado na
curva das ancas, a pele muito branca. Apetece-lhe beijá-la.
Imaginaste?
Joana volta-se e olha-o. Sem pudor da nudez
aproxima-se e enterra-lhe o rosto no pescoço, faz-lhe cócegas pelo queixo e
desce ao peito. Ele ri-se e afasta-a. Que fazes, pergunta. Cheiro-te. Gosto do
cheiro da tua pele, de ficar em cima de ti e lamber-te os lábios e morder-te os
beijos. De te contornar as sobrancelhas com os meus dedos húmidos. Gosto-te
tanto.
Imaginaste?
Gosto que me agarres e prendas com força. Não
demasiada força mas força, quero estar presa mas poder sair se quiser. Não
quero sair.
Aninha-se ao lado dele e abraça-lhe o braço.
Imaginaste?
Imagino em todas as horas de todos os dias da
minha vida.
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