domingo, 5 de julho de 2015

Pormenores


Pintei as unhas dos pés. Por causa das sandálias novas.
Enquanto olho para as unhas coloridas a sala vai ficando composta.
Já não há lugares sentados. O ar fresco arrepia-me o pescoço nu e as costas mal escondidas.
Começa a música.
Um sorriso cola-se-me na cara cada vez que vejo um amigo chegar. Sorrio muito porque vieram muitos. Que bom. Os que não vieram fazem-me falta. Afasto esses pensamentos para engolir o nó na garganta.
Mudo de lugar. Para ouvir. Para falar do que fiz. Nada preparado nem pensado. A autenticidade pode arruinar-me. Confio no improviso e na inspiração. Arrisco. Não estou nervosa. Estou feliz.
Mas as emoções, esqueci-me delas, são arrebatadas pela primeira voz, que sente como eu este estar aqui. O bom de ser um começo. O medo de ficar só assim. O querer dizer a toda a gente que é isto, mas a voz tremer do bom que é sentir o que sinto, e não saber dizer como se quer tanto tudo aquilo em que se pensa.
Palmas e sorrisos e abraços e fotografias e dedicatórias. Reencontros, novos encontros, e encontro quem já tinha encontrado, mesmo sem nunca ter estado.
Foi bonita a festa, pá!

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