quarta-feira, 31 de agosto de 2011

O favorito do mês - Agosto 2011


Tive a ideia de começar a fazer uma espécie de balanço mensal dos livros lidos, um esquema do que mais me agradou e marcou. Tentar apontar um favorito.
Li apenas 3 livros este mês mas foram realmente muito bons: “O Tigre Branco”, “As Travessuras da Menina Má” e “A Noite de Todas as Almas”.
Cada um à sua maneira me proporcionou uma leitura excelente, mas tenho de admitir que a minha primeira leitura de um livro de Mario Vargas Llosa reúne quase tudo o que um leitor pode pedir. Temos uma narrativa perfeitamente enquadrada no tempo e nos acontecimentos históricos, as personagens são reais, ficamos convencidos que podia ser o nosso vizinho do lado, e depois é o dom, o dom de escrever e maravilhar quem lê, que foi o que senti.
O meu favorito de Agosto é “Travessuras da Menina Má” de Mario Vargas Llosa. Opinião mais pormenorizada aqui.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

O cheiro dos livros?

Cheiro sempre os livros, mesmo os mais velhos e muito usados, já manuseados por várias pessoas. São livros cheios de histórias para além da sua própria história, até parece que das páginas se soltam vozes e risos (ou lágrimas).
O cheiro de um livro novinho é inimitável, aquele aroma a papel e a tinta até parece que dá para ouvir os sons das máquinas que os fazem, imagino as folhas de papel a circular por mecanismos barulhentos, as guilhotinas a cortar as folhas, uma sinfonia de sons para uma composição de letras. Nada é assim. Esta minha visão romântica das origens da impressa está ultrapassada, e eu sei disso, mas é tão irresistível imaginar…

domingo, 21 de agosto de 2011

A Ler "A Noite de Todas as Almas"


“- A que cheiro eu? – perguntei, brincando como pé do meu copo de vinho.
Por uns momentos pareceu-me que ele não ía responder. O silêncio estendeu-se até me olhar com uma expressão  anelante. Deixou tombar as pálpebras e inspirou profundamente.
-Cheira a seiva de salgueiro. E a camomila esmagada sob os pés. – Cheirou de novo e esboçou um pequeno sorriso triste. – Tem também alguns vestígios de madressilva e folha de carvalho tombadas – acrescentou em voz baixa, expirando – em conjunto com rebentos de avelã e os primeiros narcisos primaveris. E coisas antigas: marroio, incenso, pé-de-leão. Aromas que pensava já ter esquecido.
Abriu os olhos sem pressas e eu olhei para as suas cinzentas profundidades, receando respirar e quebrar o feitiço que as palavras dele haviam lançado.
-E eu? – devolveu ele a pergunta, sem desviar os olhos dos meus.
- Canela. – A minha voz era hesitante. – E cravinho. Por vezes parece-me que cheira a cravos, não do tipo que se compra na florista, mas os antigos, que crescem nos jardins das casas rurais inglesas.
- Cravos silvestres. – disse Mathew, os olhos enrugando-se de satisfação nos cantos. – Nada mau para uma bruxa.” (p. 183)

domingo, 7 de agosto de 2011

A neura dos livros


Gosto tanto de livros que me custa dizer o que quer que seja de menos positivo sobre eles. Mas a verdade é que nem sempre um livro nos toca da forma que esperávamos, ou nos envolve da maneira que possa ter envolvido outros leitores. Quando me acontece fico irritada e desiludida.
Esta semana aconteceu-me. Estava empolgada em ler “Antes de nos Encontrarmos” de Maggie O’Farrel que comprei recentemente. Iniciei a leitura com alguma expectativa dado que a opinião de outros leitores é bastante positiva. Li 197 páginas das 311. Gostei da escrita da autora, acho até que foi o que me “segurou” por mais de metade do livro. A forma como nos vai descrevendo as vidas das personagens deixando sempre algo em aberto, dando saltos temporais entre passado e futuro sem nunca deixar o leitor perder “o fio à meada” requer habilidade e inteligência. Mas a verdade é que (para mim) um livro tem de ter mais do que isso. Quando começo a pensar mais nos livros que tenho para ler do que naquele que é suposto preencher as minhas necessidades de leitura no momento, reconheço um claro sinal de insatisfação.
Quando assim é, e por muito que me custe, deixo de lado. Não digo que o deixe de lado para sempre que isso seria muito radical para o meu pobre coração amante de livros, mas deixo-o num local intermédio, uma espécie de purgatório dos livros, com um marcador na página onde parei, e deixo que o tempo me faça decidir se existe ou não regresso.
Inevitavelmente medito um pouco sobre se o problema é meu ou do livro e, como em qualquer história de amor, não se devem atribuir culpas mas sim seguir em frente. Foi o que fiz, comecei a ler “O Tigre Branco” de Aravind Ariga, uma excelente aposta. É um livro excepcional.

Paixão pela leitura

"Que outros se gabem dos livros que lhes foi dado escrever, eu gabo-me daqueles que me foi dado ler."
Jorge Luis Borges (1899-1986)

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Livros por ler


Às vezes farto-me de ler novidades. Dá-me aquela nostalgia de ir ver os livros que estão há mais tempo na estante, de lhes tocar, verificar que já perderam o cheiro a novo mesmo sem terem sido lidos. Parecem um vinho que guardamos para uma ocasião especial.
A minha última apreciação antes de dormir vai para a minha estante dos livros por ler. Deixei de contar quando atingi os 100 livros. É um bom número, eu acho. Não interessa saber quantos são, não vá o remorso impedir novas compras. Ai só eu sei a felicidade de trazer um livro novo para casa! É um dia em cheio!
Admiro sempre cuidadosamente um novo livro. Gosto quando não têm vincos nem marcas, quando as folhas ainda estão um pouco coladas e fazem aquele barulhinho tão característico. Registo o livro na minha lista e atribuo-lhe um número. Encontro o seu lugar na estante e perco-me a pensar quando chegará a sua vez de ser lido.