Todos os anos, pelo final do ano, são divulgados inúmeros
balanços, relatórios, pontuações e demais listas acerca de quase tudo o que de
relevante se passou no ano que finda.
No meu caso estou mais atenta ao que se diz e escreve sobre
livros. E muita coisa se relata. Nos blogues de livros é comum o balanço do
número de livros lidos e as expetativas do número de livros a ler no ano
prestes a começar. Depois há o ranking dos livros melhores, o favorito do ano e
os que se lhe seguem.
Não é que ache mal e não pretendo opinar sobre tais
descrições, eu própria já as fiz em anos anteriores. Mas este ano estou farta
dessas contagens, pura e simplesmente não me apetece contar ou medir o número
de palavras que li. Na verdade, este ano foram muitas as que deixei de ler,
pelos vários livros que não concluí. Eliminei a culpa do livro inacabado, o
peso na consciência de não ter levado uma leitura até ao fim. Se não me
interessa deixo de lado, se não me emociona desisto. Há tantos livros bons à
espera de serem lidos, que o tempo me ensinou a evitar torturas desnecessárias.
O tempo que já passou e também o tempo que há-de vir, que não quero encurtar
com leituras perdidas.
Gosto de poder dizer que li 52 livros num ano. Dá uma média
de 1 livro por semana, o que me parece muito bom para quem, como eu, tem uma
atividade profissional exigente e completamente descontextualizada dos livros.
Sinto-me feliz por, mais um ano passado ter ultrapassado essa marca. Li pouco mais de 52 mas para mim é muito bom, não vale a pena empreender projetos
megalómanos que só iriam acabar por me enlouquecer de frustração. Certamente
iria acabar por ler à pressa esquecendo que o objetivo da leitura é
enriquecimento interior, e não uma maratona ou competição com números de que
acabaria por me tornar escrava.
Assim, em 2013, quero ler. Apenas ler com prazer e gosto
livros que me marquem e façam feliz, livros que me ensinem e façam questionar.
Quero ignorar rótulos e ler o que der vontade, de livros premiados a romances
da treta, desde que cada virar de página me faça feliz.
Quero poder ler livros mais antigos, alguns que tenho na
estante há anos e ainda não peguei porque se calhar cedo com facilidade a
novidades, e me deixo levar por campanhas de marketing, capas bonitas e
opiniões “exageradamente” boas. Fraquezas…afinal sou um ser humano.
Quero conhecer mais pessoas que gostem de livros, falar com
elas e opinar, discutir e aprender. Descobrir novos autores. Ir a Feiras do
Livro. Poder continuar a comprar livros, pelo menos de vez em quando, que só
quem conhece este amor aos livros sabe a sensação de sair de uma livraria de
mãos a abanar…
Quero ler melhor, em voz alta e em público, perdendo a
vergonha e adquirindo técnica. E, acima de tudo, divertir-me ao fazê-lo. Por
isso faço parte deste fantástico Clube de Leitura e desejo continuar.
E escrever. Escrever sobre livros, encher uma folha em
branco de tudo o que senti ao ler um livro. O meu pequeno tributo escrito a
esse objeto que me preenche enquanto leio, e que povoa a minha mente e os meus
pensamentos mesmo nas horas que não estou a ler.
Quero ler sempre mais mesmo que o número de livros lidos
seja cada ano menos. O que importa é o que fica, o que passa a fazer parte de
mim.