sábado, 31 de janeiro de 2015

Rosa Montero na Bertrand do Chiado

            

Quem gosta de livros gosta de assistir a lançamentos de livros. É uma oportunidade de observar autores que admiramos, ter contacto real com alguém que só nos chega através dos livros. No dia 29 de Janeiro Rosa Montero apresentou o seu livro “A ridícula ideia de não voltar a ver-te” na Bertrand do Chiado. Fui vê-la e ouvi-la.
Apenas tinha lido um livro da autora, “Instruções para salvar o mundo”, que adorei e me deixou o desejo de conhecer a sua obra. Uma mulher surpreendente, cuja escrita já me tinha “feito mossa” (os livros são possivelmente o único campo em que, alguns de nós, leitores, gostam de levar porrada), chegou com facilidade ao público que, extasiado, escutou o que há para descobrir em “A ridícula ideia de não voltar a ver-te”. E, lendo nas entrelinhas das palavras desta admirável comunicadora, também um pouco do que pode ser o pensamento, as paixões, o processo criativo de uma escritora fabulosa. E, claro, tudo aquilo que imaginamos poder ser verdade, ficando naquele limbo da expectativa e da ingenuidade que eu gosto de preencher com imaginação.
Agarrei-me de imediato ao livro, no metro de regresso a casa, lendo repetidamente as primeiras frases, pujantes de verdadeiras, duras, como a morte. Um livro sobre a vida, ao qual me estou a entregar com prazer.
Deixo uma amostra de fotos, pedindo desculpa pela fraca qualidade, mas apenas para ilustrar a força de quem enfrenta de pé uma sala cheia, com convicções na ponta da língua, respondendo (ou não) às perguntas sem vacilar. Admirável.

sábado, 17 de janeiro de 2015

Uma semana de Kobo


Livros novos no Kobo. Uma maravilha. Continuo a espantar-me quando penso que, num objecto tão pequeno e leve, trago mais de vinte livros. Coisa pouca que a maquineta leva uns mil livros. A mim vinte já me surpreende, não os conseguiria transportar a todos na mala, e considerando que tenho verdadeiros calhamaços na caixinha, livros com mais de seiscentas páginas.
Para ler em qualquer lado, aproveitando todos os instantes. Mas não é um livro. É bem pensado e satisfaz o leitor compulsivo, e também o indeciso que não sabe o que ler a seguir e pode escolher entre uns quantos com toques digitais. Mas não é um livro. Prático. Moderno. Mundano. Mas não é um livro.
E depois há os sublinhados e os apontamentos nos cantos das páginas dos significados das palavras novas e do que mais se quiser. Sim, no Kobo também dá. Mas o pegar no lápis perde-se. E o som do lápis a percorrer a folha? Aquele apontamento instantâneo que não se pode deixar fugir? E o cheirinho a carvão? E claro, o cheiro dos livros.
Esta tarde, acomodada no meu canto de leitura, após uma semana a ler no Kobo, senti que me faziam falta as páginas. Saudades de sentir um livro nas mãos, andar páginas atrás e à frente com facilidade física e sentir a familiaridade de um companheiro de sempre. E foi como se estivesse a trair todos os meus livros, que me olhavam, desgostosos das estantes, lendo no Kobo.
E há leituras para todas as ocasiões e locais. Se estava a ler um e-book adaptável a qualquer circunstância, sem necessidade de grande atenção ou silêncios, adequado para aproveitar qualquer pausa (mesmo que pouco silenciosa), salas de espera, engarrafamentos ou transportes públicos, como se quer de um aparelho como este, no silêncio do meu espaço transformou-se numa leitura banal e pouco exigente. Uma sequência de linhas que compõem estórias. Nada mais. Pouco para uma tarde de chuva, de chá quente e mantas, ambiente literário exigente.
Inevitavelmente o tempo faz-nos leitores em constante busca. Quando a mente está disponível alimento-a. Quando a concentração é aceitável aumento os degraus da dificuldade, quero ler coisas que não são óbvias, que envolvem esforço, que não percebo da primeira vez em que leio, e procuro respostas, até perceber.
A culpa não é do Kobo. É que o tal livro, que me apeteceu ler, está na estante física. E que bem que me souberam apenas trinta e sete páginas de dificuldades.

O Meu Irmão, de Afonso Reis Cabral, na Comunidade de leitores Leya em grupo


Ler um livro em grupo e "conhecer" o seu autor. Os (excelentes) motivos que me levam às sessões mensais da Comunidade de leitores Leya em grupo. A 7 de Janeiro ouvimos Afonso Reis Cabral.