domingo, 25 de novembro de 2012

Sessão do Clube de Leitura - Tema "Cheiros"

Na passada quarta-feira, dia 21 de Novembro, participei em mais uma sessão do Clube de Leitura, projeto a que me decidi juntar. Ler em voz alta é uma experiência nova para mim. Está a ser diferente, divertido e enriquecedor.
O tema desta sessão foi "Cheiros" e li um texto escrito por mim, que aqui partilho.
Deixo também uma foto dos presentes neste dia e o link do blogue do Clube que convido a visitas regulares.


Cheiros

"Tema fácil. Foi o que pensei quando soube o tema para mais uma sessão do Clube de Leitura. Há com certeza muitos livros de onde posso retirar excertos adequados.
Pensei em “O Perfume” de Patrick Süskind, um dos livros que mais estimulam a mente através do nariz, não necessariamente pelo lado mais agradável, mas achei que não seria a única a pensar nisso. E desisti.
Pensei em livros de viagens, pelos odores diferentes que os novos ambientes nos fazem sentir; lembrei-me da Ásia, com flores e plantas exóticas, com cheiros tão diferentes que, até hoje, só senti através de descrições.
Adoro comer. Inevitavelmente pensei em livros de culinária. Descrever uma receita talvez? Deixar o grupo a salivar imaginando o cheirinho das mais apetitosas iguarias?
Depois surgiu-me. Do nada. Como se fosse óbvio e devesse ter pensado logo neles. Nos livros. No cheiro dos livros.
Nada se compara ao cheiro de um livro novo. Quando se abre pela primeira vez e as folhas fazem aquele barulhinho a separar-se. Inevitavelmente encosto ao ouvido e aprecio. Ao mesmo tempo deixo que se liberte o cheiro característico, fecho os olhos e imagino folhas contínuas de livros na gráfica, a guilhotina, o produto final. O livro. Novo.
O cheiro dos livros usados ou mesmo velhos não é menos admirável. Transmite a história das mãos por onde passaram, dos olhos que os leram, das estantes que habitaram, das casas onde viveram. Observadores de vidas, de discussões a cenas de amor, presentes nas casas de família ou no T0 de um leitor solitário. Mais uma vez fecho os olhos, respiro fundo, e imagino o caminho percorrido por um livro, e os percursos de entretenimento que as suas palavras proporcionaram.
Agora fico triste. Por pensar que podem deixar de existir livros e que não posso cheirar um e-book. Que bom que é deixar de ter problemas de espaço físico para os arrumar, ou deixar de ter dores nas costas por os carregar para todo lado. Mas que falta faz deixar de sonhar através do cheiro. Do cheiro dos livros."


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